Em entrevista ao site sidneyrezende.com o secretário do Ambiente, Carlos Minc, destacou o trabalho desenvolvido pela Superintendência de Território e Cidadania como uma experiência bem sucedida na promoção do desenvolvimento sustentável em territórios com alto índice de vulnerabilidade socioambiental. Confira a entrevista na íntegra:
Rio+20: 'Foi uma meia bomba, mas não é certo culpar o Brasil', diz Minc
Gustavo Ribeiro | Sustentabilidade - SRZD
Nas últimas duas semanas, as atenções do mundo inteiro permaneceram voltadas para o Rio de Janeiro e para o maior congresso ambiental sediado na cidade 20 anos depois da Eco-92. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, deixou como legado um documento final de título promissor, "O futuro que queremos", e críticas disparadas de todos oslados pela sociedade civil e por ambientalistas, que consideraram fracas as propostas sustentadas no texto.
Em conversa com o SRZD na tarde desta segunda-feira, o secretário de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Minc, fez um balanço sobre as principais barreiras que afastaram a Rio+20 de seu propósito fundamental, que era o de estabelecer medidas concretas para a preservação do planeta e a erradicação da pobreza.
"Estamos vivendo uma esquizofrenia planetária. Temos uma reunião do G20 que arrecada US$ 450 bilhões para injetar medidas anticíclicas em bancos e instituições financeiras e temos um planeta socioambiental com 193 países que não consegue arrecadar nem um centavo em prol da vida no planeta. Minha preocupação é com o dia em que nosso planeta submergir, as geleiras derreterem, o deserto ampliar. Em que planeta vão colocar esses R$ 450 bilhões?", disparou o secretário.
Minc disse que teve um diálogo de cinco minutos com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, na sexta-feira, quando se encerraram os compromissos do evento. No encontro, o ambientalista sugeriu que conferências grandiosas como a Rio+20 levassem em conta, no máximo, 80% dos votos, e não chegassem a decisões por unanimidade, haja vista a dificuldade de convergir os ideais de 193 países em um único documento.
"Eu participei de uma mesa sobre 'habitat' na sexta, em que estavam os prefeitos da Cidade do México e de Belo Horizonte. Depois, conversei com o Ban Ki-Moon sobre esse método de as propostas serem decididas por unanimidade, permitindo que qualquer grupo de três ou quatro países tire alguma coisa do texto. Quatro países tiraram o tópico envolvendo a proteção dos oceanos e das baleias, oito da Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] excluíram o corte dos subsídios fósseis. Até o Vaticano entrou com sua machadinha e tirou o direito reprodutivo da mulher", salientou Minc.
Na opinião do secretário, a Rio+20 não pode ser avaliada só pelas inconsistências do documento final, assim como o Brasil não pode ser responsabilizado pela pouca ambição das propostas. Entre as glórias da conferência, ele destacou os compromissos voluntários entre empresas e governos que somaram mais de US$ 500 bilhões para ações sustentáveis, o reforço do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o estabelecimento de um cronograma para a aplicação prática dos objetivos "Foi uma meia bomba. Eu mesmo fui um dos que ficaram frustrados, mas não acho certo culpar o Brasil, que foi o primeiro a assumir metas das reduções de carbono por lei. O documento foi aquém do esperado, mas não por nossa causa, e sim devido ao método utilizado".
Desenvolvimento sustentável nas UPPs
No último dia 13, Minc participou do debate "Sustentabilidade e as Comunidades Pacificadas do Rio de Janeiro", coordenado pela Superintendência de Território e Cidadania, da Secretaria de Estado do Ambiente. Na ocasião, o secretário mostrou que são muitas as possibilidades existentes para se praticar a economia verde nas comunidades pacificadas pelas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras). "Criamos a Superintendência Território e Cidadania para ações nas UPPs, que coordena seis projetos ambientalmente engajados. Entre eles, temos as Fábricas Verdes, que recebem computadores velhos e vão para as mãos de uma garotada treinada para transformá-los em novos, e o Eco Moda, que ensina jovens costureiras a fazer moda fashion com material doado do Carnaval e de empresas", ressaltou Minc.
Atualmente, 240 jovens do Complexo do Alemão e 220 da Rocinha são beneficiados pelo Programa Fábricas Verdes, que oferece uma ajuda de custo inicial de R$ 200 para os alunos. Aqueles que mais se sobressaem são contratados como monitores e passam a receber um salário mínimo. Um exemplo concreto de que a sustentabilidade pode ser capaz de preservar não só o planeta, mas também os jovens do domínio do tráfico de drogas.
SUPERINTENDÊNCIA DE TERRITÓRIO E CIDADANIA
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Ingrid Gerolimich
Superintendente
(21) 2334-5731 / 2332-5623
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