20 de dezembro de 2016

Alzheimer 5 - Prevenção

Prevenção

Atualmente não existem evidências conclusivas que permitam apoiar qualquer medida em concreto para a prevenção de Alzheimer. Os estudos globais de medidas para prevenir ou retardar o desenvolvimento da doença produzem na maior parte das vezes resultados inconsistentes. Os estudos epidemiológicos têm proposto a existência de relações entre a probabilidade de desenvolver Alzheimer e determinados factores modificadores, como o tipo de dieta, o risco cardiovascular, produtos farmacêuticos ou atividades intelectuais, entre outros. No entanto, só uma investigação mais aprofundada, incluindo ensaios clínicos, é que pode confirmar se estes fatores podem ajudar a prevenir a doença.

Medicamentos

Embora os fatores de risco cardiovasculares, como a hipercolesterolemiahipertensão arterialdiabetes ou o tabagismo, estejam associados a um maior risco de vir a desenvolver Alzheimer, as estatinas (fármacos para a diminuição do colesterol) não são eficazes na prevenção ou atraso da evolução da doença. O uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) está associado à diminuição da probabilidade de se vir a desenvolver Alzheimer. Os estudos humanos postmortem, em modelos animais ou investigação in vitro também apoiam a noção de que os AINEs são capazes de reduzir a inflamação relacionada com as placas amiloides. No entanto, os ensaios clínicos que investigaram o seu uso como tratamento paliativo não demonstraram resultados positivos, aparentemente porque a concentração de AINEs no cérebro após a administração oral é muito pequena. A terapia de substituição hormonal, embora tenha sido usada no passado, pode aumentar o risco de demência.

Estilo de vida


As atividades intelectuais, como ler, jogar jogos de tabuleiro, tocar instrumentos musicais e socializar regularmente estão associadas a uma diminuição do risco de Alzheimer em estudos epidemiológicos, embora não se tenha ainda descoberto uma relação causa-efeito.
As pessoas que se envolvem em atividades intelectuais, como a leitura, jogos de tabuleiro, palavras-cruzadas, toque de instrumentos musicais, ou que têm interação social de forma regular demonstram menor risco de vir a desenvolver doença de Alzheimer. Isto é consistente com a teoria da reserva cognitiva, que alega que determinadas experiências de vida levam a uma maior eficiência no funcionamento dos neurónios, o que faz com que o indivíduo seja dotado de uma reserva cognitiva que retarda o aparecimento das manifestações de demência. O nível de escolaridade retarda o desenvolvimento do síndrome de Alzheimer e não apresenta relação com a diminuição da esperança de vida após o diagnóstico. Aprender uma segunda língua, mesmo que durante a terceira idade, aparenta retardar o aparecimento da doença. A atividade física também está associada a um menor risco de Alzheimer.

Dieta

Os consumidores de dieta mediterrânica apresentam menor risco de vir a desenvolver Alzheimer, podendo até melhorar os resultados em pessoas com a doença. Por outro lado, os consumidores de dietas ricas em gorduras saturadas e hidratos de carbono simples apresentam maior risco. O mecanismo de ação proposto tem sido o efeito benéfico a nível cardiovascular da dieta mediterrânica. Diversos alimentos ricos em flavonoides, como o cacauvinho tinto ou o chá, podem diminuir o risco de Alzheimer. No entanto, há poucas evidências que sustentem que o consumo ligeiro a moderado de álcool, em particular de vinho tinto, esteja associado a um menor risco de Alzheimer. Há evidências conjeturais de que a cafeína possa ser protetora.
Os estudos de revisão sobre o uso de vitaminas e sais minerais não encontraram evidências suficientemente consistentes que permitam a sua recomendação. Isto inclui a vitamina ACEseléniozinco e ácido fólico com ou sem vitamina B12. Para além disso, o consumo excessivo de vitamina E está associado a outros riscos de saúde. Os ensaios sobre o ácido fólico (vitamina B9) e outras vitaminas B não conseguiram demonstrar qualquer associação relevante com o declínio cognitivo. Em pessoas já com Alzheimer, acrescentar à dieta ácido docosa-hexaenoico, um ácido gordo ómega 3, não mostrou retardar o declínio da doença.
curcumina não demonstra ter qualquer benefício em seres humanos, embora haja evidências conjeturais em animais. Há evidências inconsistentes e pouco convincentes de que o ginkgo tenha qualquer efeito positivo no défice cognitivo ou na demência. Também não há evidências concretas de que os canabinoides sejam eficazes na melhoria dos sintomas de Alzheimer ou demência. No entanto, alguma investigação em fase inicial mostra ser promissora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário