Segundo
a AAMR (Associação Americana de Deficiência Mental) e DSM-IV (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), pode-se definir deficiência
mental como o estado de redução notável do funcionamento intelectual inferior à
média, associado a limitações pelo menos em dois aspectos do funcionamento
adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, competência domésticas, habilidades
sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança,
aptidões escolares, lazer e trabalho.
Segundo critérios das classificações
internacionais, o início da Deficiência Mental deve ocorrer antes dos 18 anos,
caracterizando assim um transtorno do desenvolvimento e não uma alteração
cognitiva como é a Demência.
É preciso que haja vários sinais para que se
suspeite de deficiência mental. Um único aspecto não pode ser considerado como
indicativo de qualquer deficiência.
A deficiência mental pode ser caracterizada por um
quociente de inteligência (QI) inferior a 70, média apresentada pela população,
conforme padronizado em testes psicométricos ou por uma defasagem cognitiva em
relação às respostas esperadas para a idade e realidade sociocultural, segundo
provas, roteiros e escalas, baseados nas teorias psicogenéticas.
Classificação
da OMS (Organização Mundial da Saúde)
|
|||
Coeficiente intelectual
|
Denominação
|
Nível cognitivo
segundo Piaget
|
Idade mental correspondente
|
Menor
de 20
|
Profundo
|
Período Sensório-Motriz
|
0-2 anos
|
Entre
20 e 35
|
Agudo grave
|
Período Sensório-Motriz
|
0-2 anos
|
Entre
36 e 51
|
Moderado
|
Período Pré-operativo
|
2-7 anos
|
Entre
52 e 67
|
Leve
|
Período das Operações Concretas
|
7-12 anos
|
Todos os
aspectos citados anteriormente devem ocorrer durante o desenvolvimento infantil
para que um indivíduo seja diagnosticado como sendo portador de deficiência
mental.
Intensidade dos Apoios
Intermitente: Apoio
'quando necessário'. Se caracteriza por sua natureza de episódios. Assim, a
pessoa não precisa sempre de apoio ou requer apoio de curta duração durante
momentos de transição em determinados ciclos da vida (por exemplo, perda do
emprego ou fase aguda de uma doença). Este apoio pode ser de alta ou de baixa
intensidade.
Limitado: Apoios
intensivos caracterizados por sua duração, por tempo limitado, mas não
intermitente. Podem requerer um menor número de profissionais e menor custo que
outros níveis de apoio mais intensivos (por exemplo, treinamento para o
trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios durante o período entre a
escola e a vida adulta).
Extenso: Apoios
caracterizados por sua regularidade (por exemplo, diária) em pelo menos em
algumas áreas (tais como na vida familiar ou na profissional) e sem limitação
temporal (por exemplo, apoio a longo prazo e apoio familiar a longo prazo)
Generalizado: Apoios
caracterizados por sua constância e elevada intensidade, proporcionados em
diferentes áreas, para proporcionar a vida. Estes apoios generalizados exigem
mais pessoal e maior intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo
limitado. "
Dados Estatísticos
Segundo
a Organização Mundial de Saúde, 10% da população em países em desenvolvimento,
são portadores de algum tipo de deficiência, sendo que metade destes são
portadores de deficiência mental.
Causas e Fatores de Risco
As
causas e os fatores de risco que podem levar à instalação da deficiência mental
são inúmeros e muitas vezes não se chega a definir a causa da deficiência
mental. Citaremos alguns fatores de risco que podem levar a deficiência mental:
Fatores de Risco e Causas Pré Natais.
Incidem
desde a concepção até o início do trabalho de parto como:
·
Desnutrição materna;
·
Má assistência à gestante;
·
Doenças infecciosas: sífilis, rubéola,
toxoplasmose;
· Tóxicos:
alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos (medicamentos
teratogênicos), poluição ambiental, tabagismo;
· Genéticos:
alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais), ex. : Síndrome de Down,
Síndrome de Matin Bell; alterações gênicas, ex.: erros inatos do metabolismo
(fenilcetonúria), Síndrome de Williams, esclerose tuberosa, etc.
Fatores de Risco e Causas Periantos.
Incidem
do início do trabalho de parto até o 30º dia de vida do bebê como:
·
má assistência ao parto e traumas de parto;
·
oxigenação cerebral insuficiente;
·
Prematuridade e baixo peso;
·
Icterícia grave do recém nascido.
Fatores de Risco e Causas Pós Natais.
Incidem
do 30º dia de vida até o final da adolescência e podem ser:
- Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global;
- Infecções: meningoencefalites, sarampo, etc.;
- Intoxicações exógenas (envenenamento): remédios, inseticidas, produtos químicos (chumbo, mercúrio, etc.);
- Acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc.
- Infestações: neurocisticircose (larva da Taenia Solium).
Como Identificar:
Atraso
no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora a firmar a cabeça,
sentar, andar, falar.
Dificuldade
no aprendizado (dificuldade de compreensão de normas e ordens, dificuldade no
aprendizado escolar).
Diagnóstico:
O diagnóstico, sempre que possível, deve ser feito por uma equipe multiprofissional, composta pelo menos de um assistente social, um médico e um psicólogo que atuando em equipe possuem condições de avaliar o indivíduo em sua totalidade.
O diagnóstico, sempre que possível, deve ser feito por uma equipe multiprofissional, composta pelo menos de um assistente social, um médico e um psicólogo que atuando em equipe possuem condições de avaliar o indivíduo em sua totalidade.
- Assistente Social - analisará os aspectos sócio culturais
- Médico - analisará os aspectos biológicos
- Psicólogo - avaliará os aspectos psicológicos e nível de deficiência mental.
Após as avaliações, em reunião,
todos os aspectos devem ser discutidos em conjunto pelos profissionais que
atenderem o caso, para as conclusões finais e diagnósticas, definindo as condutas
a serem tomadas.
Acreditamos que com essa
sistemática de trabalho em equipe, é bem mais fácil a orientação da família
que, entendendo as potencialidades do filho e suas necessidades, poderá
participar e cooperar no tratamento proposto. A participação da família é
fundamental no processo de atendimento à pessoa com deficiência mental.
Bibliografia:
- LUCKASSON, R. et. al. Mental retardion: definition, classification and systems of supports. 9ª ed. Washington, AAMR, c1992, 1997.
- MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS. DSM-IV. Trad. De Dayse Batista. 4.ed. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.
- KRYNSKI, S. et. al. Novos rumos da deficiência mental, São Paulo, Sarvier, 1983
- FEDERAÇÃO DAS APAES DO ESTADO DE SÃO PAULO, Prevenção - a única solução, São Paulo, APAE, 1991.
- VERDUGO, M. A. El cambio de paradigma en la concepcion del retraso mental: la nueva definicion de la AAMR. Ciclo Cero, Vol. 25(3). Pág.5-25, 1994.
- MATOS, C. J. B. de; Gorla, J. I.; Gonçalves, H. R. Crescimento e desenvolvimento físico de portadores de deficiência mental da APAE de Umuarama – PR. Endereço eletrônico: http://www.efdeportes.com/efd51/apae.htm, acessado em 15/09/2005.
- TEMBE, F. M. A Criança portadora da deficiência mental e a educação. Disability World, Volumen No. 12 Enero-Marzo 2002. Endereço eletrônico: http://www.disabilityworld.org/01-03_02/spanish/ninos/educationport.shtml, acessado em 15/09/2005
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